segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O problema do espaço



Aproveitando o lançamento em português de Conceitos de espaço, de Max Jammer, gostaria de chamar a atenção para o excelente artigo de César Benjamin, publicado na Folha de São Paulo de 1o. de agosto de 2010, que recebeu o despretensioso título de Euclides e a geometria (disponível também em http://www.contrapontoeditora.com.br/arquivos/artigos/201008020426300.Euclides_e_a_geometria.pdf). Trata-se de um comentário sobre a tradução brasileira de Elementos, assinada por Irineu Bicudo e publicada pela editora da UNESP. O livro, escrito no século III a.C., no período em que o pensador grego encontrava-se em Alexandria, pode ser considerado a obra fundadora da geometria como ciência e apresenta o modelo máximo do método axiomático. As discussões de Benjamin sobre as implicações da geometrização do espaço físico com Newton e sobre o impacto das geometrias não-euclidianas nas concepções do espaço são suficientemente precisas e claras para apresentar ao leitor um panorama da importância dessas discussões para a Ciência (com "c" maiúsculo) e justificam em parte a crítica de Gabriel Moser ao fato de a Psicologia Ambiental ter abdicado, grosso modo, de ocupar-se com o problema conceitual do espaço: ocupar-se deste problema a colocaria no centro das discussões de ponta da ciência contemporânea. Talvez a única afirmação do artigo que eu poria sob suspensão crítica é sua opinião a respeito das consequências das geometrias não-euclidianas para o sistema kantiano, pois penso que elas não desfizeram propriamente o problema que atormentou o filósofo, mas passaram a exigir que este próprio sistema fosse explicado.